Reserva
29-11-2011 17:05
Criada em 2003, a Reserva, grife carioca de roupas masculinas dos sócios Rony Meisler, Fernando Sigal e Diogo Mariani, só cresce. Com apenas quatro anos, ela já desfila no Fashion Rio, é distribuída para 97 multimarcas de cinco Estados brasileiros e vende vinte mil peças por coleção.
Criada em 2003, a Reserva, grife carioca de roupas masculinas dos sócios Rony Meisler, Fernando Sigal e Diogo Mariani, só cresce. Com apenas quatro anos, ela já desfila no Fashion Rio, é distribuída para 97 multimarcas de cinco Estados brasileiros e vende vinte mil peças por coleção.

A boa fama resistiu à má exposição – e à indisposição – causadas pela reportagem Coisas da moda da revista Piauí, de junho de 2007, em que um dos looks da marca eram apontados como plágio de um estilista internacional.
Num bate-papo descontraído durante a inauguração de sua segunda loja própria, no dia 25.10 – um espaço de cerca de 140 metros quadrados idealizado por André Piva –, em Botafogo, no Rio de Janeiro, Rony Meisler falou pela primeira vez sobre o assunto. “Foi um erro”, disse. Confira a seguir.
Qual é o conceito da nova loja?
A idéia é se aproximar ainda mais do nosso cliente final. A loja é como se fosse a casa do menino que usa Reserva. Ela é muito confortável, bem lar-doce-lar. Tanto que tem poltronas, pufes, sofá, música alta e café.
Ela tem um ar meio retrô...
Tudo o que a gente faz tem uma mistura do que é novo com o que é vintage. É porque nosso menino gosta de computador, internet, orkut, msn, mas não deixa de pegar o seu pranchão e cair na praia da Reserva [daí o nome da grife] todo final de semana. Além de ser fuçador. Ele passa numa loja de móveis antigos, curte uma poltrona, compra e põe em casa. A história é justamente essa: brincar com o que é novo e velho o tempo todo, um conceito que a gente chama de novo vintage.
A revista Piauí publicou que uma peça do seu desfile do inverno 2007 era parecida com algo já feito por Junya Watanabe. O que você tem a dizer sobre isso?
Parecido não, idêntico. O processo de criação no mundo inteiro passa por um momento inicial chamado shopping, que é quando se saí às ruas para comprar referências que são importantes para esse processo. A cópia não é justificada de maneira alguma. É um erro. Quando saiu a matéria da Piauí, em nenhum momento eu busquei retratação, porque não era parecida, era igual, idêntica. Uma cópia. Erramos por inexperiência. Foi um desfile de 350 referências e uma das peças era plágio. Essa é a primeira vez que falo sobre isso após a publicação da revista.
Vocês estavam conscientes de que estavam fazendo um plágio?
Eram 350 referências, no meio tinha uma cópia. É tão intensa a montagem de um desfile, que passou. Em momento algum, durante a montagem do look, eu lembrei que a peça era de Junya Watanabe. Erramos e isso não vai acontecer mais.
Como surgiu a marca, em 2003?
A Reserva surgiu de forma completamente pretensiosa. Eu e Fernando estávamos malhando e notamos que havia cinco pessoas com a mesma bermuda de uma mesma marca carioca. Isso só podia ser problema de D: demência ou demanda. Ou todo mundo é maluco de usar a mesma roupa ou tem pouca gente oferecendo. E começamos a fazer umas bermudas que venderam muito bem, umas camisas que seguiram o mesmo caminho. Nosso mix de produtos foi crescendo e tivemos que abandonar o que fazíamos antes (trabalhávamos no mercado corporativo) para concentrar o foco na Reserva.
Por que o pica-pau?
Queríamos um mascote. Então convidamos a Márcia Cabral, do Estúdio MC, e ela apostou na história. O pica-pau nasceu daí, sem porquê. Foi amor à primeira vista. Olhamos e dissemos: é isso. Daí em diante, todas as peças que tinham o pica-pau arrebentaram de vender.
E a entrada no mundo dos desfiles, como se deu?
O desfile sempre esteve na nossa perspectiva, mas veio mais cedo do que a esperávamos. Participamos de um concurso para desfilar como novos estilistas do Fashion Rio e, no processo seletivo, o participante tinha de enviar dois looks completos de passarela e mais um conjunto de croquis. Enviamos quinze looks. Na frente de cada um deles pregamos uma foto do modelo João Vellutini usando as peças. Amassamos uma folha de papel e escrevemos a mão: “O mar está alto, fomos pegar onda na Reserva. Por favor, tome conta de nossos pertences’’. Uma hora depois de termos deixado os looks na organização do Fashion Rio, recebemos uma ligação dizendo que estávamos dentro.
Você pode adiantar algo sobre o próximo desfile da marca no Fashion Rio?
Estamos cansados do mínimo, por isso vamos pelo lado do mais é mais: uma coisa mais suja, para um momento da moda menos limpo. É o que eu posso adiantar.
Quais são os próximos planos da Reserva?
Costumamos dizer que é abrir lojinhas. Estamos focados na expansão da marca no varejo e no atacado. Somos completamente apaixonados por nosso produto e queremos distribuí-lo para a maior quantidade possível de pessoas.